Eu, como Pelé, me trato na terceira pessoa.

terça-feira, setembro 30, 2008

O travelling

O cineasta Gustavo Spolidoro tem uma verdadeira fixação por longos planos seqüência, já presente em seus curtas e em seu primeiro longa metragem, Ainda Orangotangos. Nele acompanhamos várias histórias em apenas um único plano seqüência de 81 minutos. Pedantemente falando é a mais próxima simulação que o cinema pode propor de um ato voyerístico, pois as pessoas que tiverem coragem em pagar pra ver um filme desses se sentem verdadeiramente andando pelo filme e acompanhando um pequeno instante na vida de cada personagem.

Mas o que tudo isso acima tem a ver com esse post, já que não foi escrito pelo Pretensioso Crítico? É que Eu teve um dia na firma sem ter o que fazer. Sim, sei que nossos milhares de leitores não devem estar acreditando nessa tão estranha afirmativa e, pra reforçar essa informação digna de uma história do mais puro realismo fantástico, digo (escrevo): Eu ficou um dia na firma sem ter o que fazer! Aliás, um dia é pedir demais?

Acreditamos que os mais perspicazes leitores já devem estar percebendo a relação dos dois parágrafos anteriores: quando nossos roteiristas não possuem nenhuma história sobre nosso querido personagem principal, Eu circulará pelos diversos cenários que fazem parte da Firma e acompanhará, como se fosse uma câmera voyerística, de tudo que acontece, porém, sem participar ativamente. Desta feita, Eu passa a ser um mero observador e se diverte como se fosse um espectador de filme que não pode fazer nada para influir na trama. Ou melhor, até pode fazer algo, mas pra quê complicar, não é mesmo?

Nossos leitores devem estar ávidos esperando algumas hístórias sobre esse dia tão glorioso para Eu. Porém, como são muitas tramas paralelas a serem contadas, nossos roteiristas foram humildes e admitiram que ainda não tem a capacidade de escrever uma trama com mais de dois personagens. Por isso, pedimos desculpas.

quinta-feira, setembro 11, 2008

Dados Estatísticos

E a fadiga continua. A firma, ao contrário do que dissemos no post anterior não consegue parar quieta. Mesmo chegando à sua mesa de trabalho cedo para que seu dia renda até transbordar, Eu não consegue trabalhar pois sempre tem algo que atrapalha sua vida profissional.

Eu estava enlouquecido para conseguir terminar o projeto pois no final da tarde o cliente viria para fazer suas observações. Para tanto, havia chegado mais cedo à firma para dar conta do recado, acreditando que tinha 75% de chances de conseguir terminar o trampo a tempo. Pois bem, era hora do almoço e Eu estava apenas na metade. Segundo seus cálculos, existia uma chance de 40% de conseguir cumprir o prazo pretendido. Assim, Eu teve que pular o almoço para que essa estatística não caísse ainda mais.

Começo da tarde e a Supervisora do projeto em questão vai dar uma olhada e pede pequenas modificações. Pena que eram pequenas modificações que percorriam o projeto inteiro. Feita essas observações, Eu teve suas chances de cumprir o deadline diminuíadas para 25%. Mas Eu é brasileiro e não desiste nunca!

Faltava meia hora para o cliente chegar e Eu caiu na real: as chances de terminar seu trabalho na hora marcada era de apenas 3,5%. Com esse dado na mão, a Supervisora teve que pedir encarecidamente para que a reunião fosse prorrogada. Porém Eu só conseguiu ganhar mais meia hora. Assim, suas chances aumentaram para 7,1%.

O Cliente chega na hora marcada e nada de Eu conseguir terminar seu trabalho. E justo nessas horas as coisas começam a dar errado, como o grande companheiro do seu Murphy: o pau no computador. Assim, novamente, suas chances caíram para 3,5%.

A Supervisoara já não tinha mais assunto para enrolar e o Cliente já não aguentava mais ficar tomando café e comendo bolachinhas. As chances de Eu já estavam em 99% negativo. Eu não sabia mais se era melhor correr para terminar logo e de qualquer jeito ou que surgisse um deus ex-machina que dissesse que não seria mais necessário a conclusão do projeto. E aconteceu: corte de luz. Aí não tem o que fazer mesmo: 100% negativo de chances do cliente ver alguma coisa.

Tem vezes que o Mundo conspira contra. E quando parece que tudo já foi feito, o Mundo manda um sujeito se jogar nos fios de alta tensão.

quarta-feira, setembro 10, 2008

Pause 2

Eu continua de saco cheio do mundo ao seu redor, mas nosso querido personagem não pode desistir de suas tarefas.

No núcleo Imobiliária, Eu assinou o contrato e começou a nova fase dessa tão novíssima trama: a reforma. De chave na mão, os defeitos do novo lar, que já eram razoáveis, parecem ter aumentado um pouco de proporção. O Pedreiro, esperto como ele só, já oferece diversos orçamentos para dar fim aos defeitos do lugar.

Enquanto isso, móveis e eletrodomésticos se fazem mister (desde o início do blog quis usar essa expressão...). E, para tal desejo ser realizado, mais dinheiro necessita ser gasto. E vamos às pesquisas de preços e promessas de vendedores ávidos por uma comissão.

No núcleo Firma, as coisas, aparentemente, estão mais calmas. De um ano pra cá, muitos profissionais saíram (ou foram saídos) e outros tantos entraram. Cargos novos foram criados e uma vontade de reestruturação é evidente. Mas lembrem-se: querer não é poder e muito ainda falta para ser feito.

Nisso tudo, quem se ferra é o núcleo da Malhação, pois Eu não está com a mínima vontade de suar a camisa ouvindo música putz-putz junto com aquele povo que parece modelo-ator da Globo.

Por último, Eu foi fazer umas comprinhas e, devido a sua inexperiência no ramo do grande consumo, não sabia que cartão de crédito tinha limite...

terça-feira, setembro 02, 2008

Pause

Sem paciência para mais nada, nossos roteiristas estão querendo fazer um especial juntando todos os núcleos da sitcom para falar sobre a incompetência alheia. Sim, afinal os incompetente sempre são os outros!

No núcleo da Firma a incompetência já é notória e praticamente regra para seleção de funcionários. A última foi fazer um projeto inteiro durante um mês e depois descobrir, na véspera da entrega que um dado primordial dado logo no começo da elaboração do projeto estava errado. De quem foi o erro? Não se sabe, mas todos tem o seu culpado.

Dia de entrega desse tal projeto. O computador dá pau e o projeto vai por água abaixo. Um mês de trabalho praticamente jogado no lixo. De quem foi o erro? Do sistema. Do sistema operacional do computador.

No novíssimo núcleo Imobiliária, Eu está a procura de um apartamento. O corretor da imobiliária não consegue se entender com Eu em relação aos dizeres do contrato e a negociação se estende por semanas sem sair do lugar. De saco cheio da situação, Eu pede para a sua Namorada Intelectual seguir com as negociações. Dez minutos depois a situação foi resolvida! De quem foi o erro? Como Eu é personagem principal desse seriado, só pode ser o Corretor. Nome inteiro desse profissional? Corretor Zinho de Merda.

Pois é, Eu precisa de uma tecla pause para descansar dessa gentalha.