Eu, como Pelé, me trato na terceira pessoa.

sábado, março 07, 2009

O Mundo Sustentável

A moda agora é "sustentabilidade". Junto com aquela palavra que não se diz (tá bom, estou falando da... crise) é o assunto do momento já faz um bom tempo. Afinal qualquer lugar que se vá existe alguns dizeres proclamando por um mundo com pessoas preocupadas com a sustentabilidade. E muitas empresas se aproveitam para fazer propaganda em cima disso, aparentemente tentando dizer que não se preocupam apenas com o lucro, e sim com a sociedade em sua volta.

E na Firma não é diferente. Atenta a modismos do mundo corporativo, seus dirigentes fizeram uma reunião juntamente com seu fútil e inútil departamento de Rh e pensaram em uma estratégia para economizar de uma forma sustentável:

Dono da Firma - Essa crise pode afetar a Firma de uma maneira que nós nunca sentimos. Gostaria de ouvir suas idéias para economizarmos sem os nossos proletariados sentirem o efeito.

Subalterno - Podemos desacelerar o ritmo das obras do nosso novo centro empresarial.

Dono da Firma - Isso nunca! Ninguém pode perceber que a crise não passou de uma marolinha para a gente, entendeu bem?

Subaterno - Sim senhor, foi uma estupidez...

Dono da Firma - Mais alguém?

Gerente do Rh - E se começarmos a espalhar cartazes por toda a Firma pedindo para os nossos colaboradores (isto é uma maneira politicamente correta de se referir aos funcionários) economizarem nos copos de plástico e do papel em nome de um mundo ecologicamente sustentável? Segundo a revista RH Magazine, está super na moda! 

Dono da Firma - Hum... pode funcionar... Assim economizaremos os gastos com o chão de fábrica e ainda podemos fazer uma média com os nossos clientes.

Gerente de Rh - Isso mesmo, o senhor é muito inteligente!

Subalterno - Podemos mandar fazer canecas personalizadas com o logo da Firma para entregar aos nossos colaboradores.

Dono da Firma - Pra quê? Pra gastarmos mais com futilidades?

Subaterno - Tem razão, foi uma estupidez...

Gerente de Rh - Tenho uma idéia! E se usarmos aquele dinheiro que tínhamos separado para o bônus que estávamos pensando em dar a todos os nossos colaboradores no final do ano para mandar fazer essas canecas personalidades? Afinal eles nem sabiam que iam ganhar esse bônus, mesmo. E o dinheiro que o senhor economizará com os copos de plástico ainda será maior que os custos da caneca! Imagina só nossos colaboradores andando todos orgulhosos segurando a caneca da Firma. E nossos clientes vendo isso vão achar que é um ambiente muito gostoso de trabalhar! E altamente sustentável!

Dono da Firma - Boa! Vamos por em prática semana que vem!

Gerente de Rh - Muito sensato de sua parte!

Assim, o Rh trabalha loucamente para cumprir o prazo estipulado. Orça a caneca personalizada e escreve uma mensagem para enviar por e-mail e cartazes para serem pregados no mural de avisos. Uma semana depois, as canecas são distribuídas. Empolgados com o resultado, o Rh propõem, também, uma campanha para economia de luz.

Gerente de Rh - Vamos entrar numa segunda fase da nossa estratégia e pedir para todos desligarem os monitores de seus computadores quando saírem para o almoço.

Com uma vontade de trabalhar que nunca havia sido vista antes, o Rh bola uma campanha com frases de efeito para convencer a todos da importância da economia de luz: " A economia que você fará desligando os monitores vale mais do que dinheiro." Porém, na cabeça do proletariado, "mais do que dinheiro" só podia ser barras de ouro, como sempre afirma o grande apresentador e grande empresário do ramo de  carnês, Silvio Santos. O que acabou gerando muitos mal entendidos, pois o proletariado achou que se tratava de uma espécie de competição interna, gerando conflitos e um clima pesado dentro da Firma, como de costume.

Ok, entendemos que a história retratada acima pode ter sido muito grande para uma piada muito infame no final. Mas esse é o mundo corporativo: enfadonho e frustrante.

terça-feira, março 03, 2009

De Volta à Firma

O carnaval finalmente terminou e, com ela as férias de Eu. Nosso amado personagem está de volta ao cenário que já testemunhou tantos esquetes para esse movimentado seriado. Porém algo está errado nesse lugar, Eu pensa logo no seu primeiro dia de retorno ao inferno, digo ao trabalho. Onde está aquele caos que até um mês atrás era tão presente no cotidiano trabalhista? Cadê toda aquele gente gritando e exigindo que os curtos prazos fosse obedecidos rigidamente, sem esquecer na busca pela excelência pelos melhores resultados? Simplesmente sumiram.

Isso mesmo, desolados leitores. Mas não se trata de um lindo sonho e Eu não acordará no próximo parágrafo. Trata-se de dois fatores, sendo o primeiro, claro, a tão falada e temida crise financeira interplanetária. O segundo fator é o fato do Brasil só começar a funcionar após o carnaval.

Será que Eu e seus colegas estão temendo cortes e possíveis demissões ou estão com a esperança de que após o fim das festas carnavalescas tudo volte ao normal? Grande questão cujo destino pode inflluir drasticamente no futuro de nossa sitcom. 

Para finalizar uma frase proferida sabiamente por um dos colegas da Firma: Se não me demitirem será um favor que a Firma me faz. Se me demitirem, serão dois!